Análise da relação de preços dos produtos boi, milho, soja e leite de 2006 a 2019

Análise da relação de preços dos produtos boi, milho, soja e leite de 2006 a 2019

A procura mundial por alimentos parece estar em crise com a urgência na diminuição dos impactos ambientais negativos. Essa divisão gera ausência de diversidade dos sistemas agrícolas e pecuários, porém, isso pode mudar com a integração entre a criação de animais e o cultivo de grãos numa mesma área.

O objetivo desse trabalho foi avaliar a correlação histórica entre preços das commodities boi, milho, soja e leite a título de verificar suas influências na formação de renda.

Verifica-se que em um sistema integrado estruturado é interessante a produção de produtos com baixa correlação de preço entre eles. Assim, quando um produto estaria em situação de preços baixos, outro produto estaria em situação oposta, evitando grandes flutuações na receita da propriedade.

As cotações de milho (R$/saco de 60 kg) obtidas vão de agosto de 2004 até novembro de 2019, o Indicador de Preços do Milho ESALQ/BM&FBOVESPA é uma média aritmética dos preços do milho amarelo, tipo 2, de odor e aspectos normais, em bom estado de conservação e os preços são coletados em praças de comercialização do milho. As cotações de soja (R$/saco de 60 kg) compreendem o período de março de 2006 até novembro de 2019. O Indicador de Preço da Soja ESALQ/BM&FBOVESPA é uma média aritmética dos preços da soja comercializada no porto de Paranaguá. O indicador representa soja brasileira em grão a granel tipo exportação.

A série histórica de preço utilizada nas análises estatísticas é apresentada na Figura 1. De início, observa-se aumento no valor nominal dos produtos ao longo dos últimos 13 anos.

 

 

 

 Cotações registradas para boi, soja, milho e leite (x100) no período de 2006 a 2019 conforme CEPEA.

No ano de 2012, houve forte seca nos hemisférios Norte e Sul, o que prejudicou países com grandes produções como os Estados Unidos, a Argentina e o Brasil, originando perdas importantes na produção e mudanças nos preços. Outro aspecto que afetou na relação dos preços em 2016 foram fatores climáticos (el ninho) que ocasionou a escassez de diversos produtos como o milho e a soja impactando diretamente no preço da arroba do boi.

Observa-se que os preços do milho apresentam maior oscilação no período se comparado às demais analisadas, que apresentaram estabilidade de preços (Figura 2).

 

Figura 2. Relação de preço entre os 4 produtos desde de 2006 a 2019 conforme cotações de preços do CEPEA/ESALQ.

Verifica-se no gráfico de milho que os valores oscilam bastante e que, quando se compara leite, 34 litros equivalem a um saco de 60 kg de milho. No gráfico do boi gordo temos 3,8 sacos de milho por arroba de boi e 1,8 sacos de soja por arroba, já comparando com o leite necessitamos de 124 litros de leite na média dos anos para conseguir pagar uma arroba de boi. No gráfico de soja observamos uma média de 2,1 sacos de milho por saco de soja.

Podemos concluir que os produtos pesquisados (milho, soja, leite e boi) obtiveram aumento nos preços durante os anos, e quando analisados os preços de comercialização, todos os produtos são correlacionados. Ou seja, quando uma variável aumenta, todas têm a tendência de subir também. Segundo os resultados, a melhor combinação seria milho com qualquer outro produto, já que, em uma análise de componentes principais, ele é o que tem maior variação, distinguindo dos demais. Como já era previsto na integração, os custos de produção são relativamente menores, pois temos a mesma mão de obra, maquinários e insumos para fazer a implantação dos produtos.

Para solucionar a correlação dos produtos, uma possibilidade é a utilização de produtos integrados que não têm a mesma fonte de insumo. Por exemplo, integração de bovinos com arvores frutíferas, que podem ocupar o mesmo espaço mais não têm competição entre si e o preço de venda possivelmente não se correlaciona.

Assim sendo, a partir deste estudo, percebe-se a necessidade de aprofundamento no tema, sendo destacados alguns pontos para possíveis investigações futuras, tais como: aumentar o leque de produtos correlacionados para definir a melhor forma de integrá-los, observando o preço de venda.

Referências

LEMAIRE, G.; FRANZLUEBBERS, A. J.; CARVALHO, P. C. F.; DEDIEU, B. Integrated crop–livestock systems: Strategies to achieve synergy between agricultural production and environmental quality. Agriculture, Ecosystems & Environment, v. 190, p. 4-8, 2014.

BLUNDEN, J.; ARNDT, D. S. State of the climate in 2012. American Meteorological Society, v. 94, n. 8, 2013.

Sobre os autores:

Lucas Ferreira Gonçalves: Técnico em Agropecuária pelo IF Goiano Campus Iporá, Graduado curso de Tecnologia em Agronegócio pelo Instituto Federal Goiano Campus Iporá. Mestrando em Zootecnia pelo IF Goiano Campus Iporá.  

Paulo Alexandre Perdomo Salviano: Economista e Especialista em Estratégias Gerenciais pela Universidade de Rio Verde - UNIRV, Mestre em Desenvolvimento Regional como foco em Estratégia de Empreendimentos para o Desenvolvimento Regional pela Universidade Alves Faria - UNIALFA, Doutorando em Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ/CPDA). Professor efetivo de Economia do Instituto Federal Goiano

Tiago do Prado Paim: Graduado em Medicina Veterinária pela Universidade de Brasília - UnB, Mestre em Ciências (Energia Nuclear na Agricultura) e Doutor em Ciências Animais pela Universidade de Brasília – UnB. Médico Veterinário e Pesquisador do Instituto Federal Goiano, Campus Iporá.

 

Fonte: MilkPoint